Se eu soubesse com certeza
Que você é meu amor
Eu caía nos seus braços
Como sereno na flor
Canoeiro, canoeiro
O que trouxe na canoa
Trouxe ouro, trouxe prata
Trouxe muita coisa boa
Eu joguei meu barco n'água
carregado de fulô
Não tem nada mais bonito
Que o zóim do meu amor
Uma velha muito velha
Mais velha que meu chapéu
Foi pedida em casamento
Levantou as mãos pro céu
Sete sete são quatorze
Com mais sete vinte e um
Tenho sete amor no mundo
Mas me caso só com um
As estrelas do céu correm
Eu também quero correr
Elas correm atrás da noite
E eu atrás do bem querer
Pisei na brasa
Quemei meu pé
Batuque na cozinha
Sinhá não qué
Pus a terra na latinha
Pra plantar o alecrim
Alecrim nasceu pra moça
A moça nasceu pra mim
Alecrim da beira d'água
Folha cai, cai
Que moço bonito
Pra ser genro do meu pai
Meu anel de sete pedras
Bem podia ser de seis
O amor que já foi meu
Bem queria outra vez
Menino da calça parda
Paletó da mesma cor
Se não fosse tão criança
Queria pra meu amor
Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão
Batatinha quando cresce
Vira um baita batatão
Quem dera ver meu bem
Trinta dias num mês
Sete dias por semana
Cada sete uma vez
O maior dos meus desejos
É ver-te agora com gosto
E encher-te com meus beijos
As covinhas do teu rosto
No mar navegam as ondas
Nas ondas navegam o vento
Nas ondas do teu cabelo
Navega meu pensamento
Se o mar tivesse pedra
não havia embarcação
Se ter amor fosse crime
Estaria na prisão
Desculpe meu amor
Se a letra tiver errada
Foi escrita à meia-noite
Na lua da madrugada
Vou abrir teu coração
Com uma chave de marfim
Dentro quero encontrar um amor
Que nunca mais tenha fim
Escrevi teu lindo nome
Na branca areia do mar
Veio uma soberba onda
Teu lindo nome quis apagar
Se ama Nosso Senhor
Que morreu por toda gente
Por que não ama só eu
Que morro por ti somente
Eu subi na céu um dia
Numa linha de pescar
Perguntar Nossa Senhora
Se é pecado namorar
Esta noite tive um sonho
Sonho de muita alegria
Era o meu casamento
Com quem muito eu queria
Tico-tico na goteira
Chuva fina não me molha
Onde tem rapaz solteiro
Pra casado não se olha
Quem é aquela que vem lá
Cinturinha de pilão
É a moça mais bonita
Que alegrou meu coração
Quem me dera, quem me dera
Quem me derá só pra mim
Receber de meu amor
Um galhinho de jasmim
Vou jogar meu lenço branco
Pra ver onde ele cai
Ai que moço mais bonito
Pra ser genro do meu pai
Menina diga a seu pai
Seu pai diga a quem quiser
Que ele será meu sogro
E você minha mulher
Eu adoro os seus olhos
Mas adoro mais os meus
Se não fossem os meus olhos
Não podia ver os seus
Menina dos olhos d'água
Me de água pra beber
Não é sede não é nada
É vontade de te ver
Namorei um garotinho
Do colégio militar
O danado do garoto
Só queria me beijar
Menino dos olhos negros
Sobrancelha de veludo
Não importa se é pobre
Teus olhos valem tudo
Laranjeira pequenina
Carregadinha de flor
Eu também sou pequenina
Carregadinha de amor
Atravessei a Paraíba
Em cima de uma canoa
Arrisquei a minha vida
Por um namorico à toa
Tu de lá, eu de cá
Passa o riacho mo meio
Tu de lá dá um suspiro
Eu de cá suspiro e meio
Eu plantei uma roseira
Na porteira do currá
Para dar ao meu amor
No dia que nóis casá
Eu de cá, ocê de lá
No meio fica a lagoa
De dia não tenho tempo
De noite não tem canoa
A maré que enche e vaza
Deixa a praia descoberta
Vai-se um amor, vem outro
Nunca via coisa tão certa
Bate bate sapatinho
Na casa do sapateiro
A solteira bate os olhos
Quando vê rapaz solteiro
Quem se foi para tão longe
E levou seu passarinho
Quando vier não se espante
De encontrar outro no ninho
Quem me dera ser formiga
Daquela que come doce
Eu ia com meu benzinho
Pra qualquer lugar que fosse
Eu quisera ser rolinha
Passarinho do sertão
Para fazer o meu ninho
Na palma da sua mão
Os ovos que o pato põe
Eu cubro com meu chapéu
Quero que você me diga
Quantos anjos tem no céu
Quando eu vim da minha terra
Tinha fama de peão
Amontei num burro morto
Mesmo assim caí no chão
Passarinho preso canta
Canta canta sem parar
Quem tá preso e não tem culpa
Canta para aliviar
Perguntei ao beija-flor
Como é que se namora
“Ponha o lencinho no bolso
Deixe a pontinha de fora”
Andorinha no terreiro
Traz notícias do meu bem
Se está morta, se está viva
Se está nos braços de alguém