Expressões populares


Costuma-se dizer que um dos problemas do Brasil é que tem político "à beça" que é "santo do pau oco" e faz leis "para inglês ver". E, na hora em que a "vaca vai pro brejo", ele é partidário do lema "farinha pouca, meu pirão primeiro". Esse tipo de político não se preocupa com os cidadãos "sem eira nem beira". Mas, a cada quatro anos, chega a "hora de a onça beber água" e muitos não são reeleitos.
As expressões entre aspas e em negrito no texto acima,têm sido usadas ao longo dos séculos pelos brasileiros e, segundo os historiadores Carlos Eduardo Barata, Francisco Alencar e José Flávio Barroso, demonstram a força da nossa cultura
José Flávio: - "Hoje em dia, a maioria pode não saber a origem de um termo, mas sabe seu significado. Isso chama-se "memória coletiva", explica.
Carlos Barat: - "A preservação dos termos passa de geração a geração dentro do próprio ambiente familiar".
Francisco Alencar: - "A gente redescobre o Brasil através dessas expressões, que ajudam a preservar nossa identidade". 

Histórias sobre a origem dos provérbios:

"à beça" - No Rio imperial, havia um comerciante rico chamado Abessa, que adorava ostentar roupas de luxo. Quando alguém aparecia fazendo o mesmo, dizia-se que ele estava se vestindo à Abessa, ou seja, como o comerciante. Virou sinônimo de abundância, exagero.

[Outra versão: a origem dessa expressão, que significa "em grande quantidade", é atribuída à grande profusão de argumentos utilizados pelo jurista sergipano Gumersindo Bessa (1849-1923) ao enfrentar Rui Barbosa em famosa disputa pela independência do território do Acre, que seria incorporado ao Amazonas. Quem primeiro utilizou a expressão foi Rodrigues Alves (1848-1919), presidente do Brasil de 1902 a 1906, admirado da eloqüência de um cidadão ao expor suas idéias: "O senhor tem argumentos à bessa." Com o tempo, o sobrenome famoso perdeu a inicial maiúscula e os dois esses foram substituídos pela letra c com cedilha (ç).]

"santo do pau oco" - A Coroa Portuguesa costumava cobrar imposto altíssimo sobre as pedras preciosas e o ouro. Quem não queria pagar colocava as peças dentro de imagens de santos e assim passava pelas vistorias que havia nas estradas.

"para inglês ver" - Em 1830, pressionado pela Inglaterra, o Brasil começou a aprovar leis contra o tráfico de escravos. Mas todos sabiam que elas não seriam cumpridas. Falava-se, então, que as leis eram apenas para inglês ver.

"a vaca foi para o brejo" - Quando a seca é mais violenta, os animais começam a procurar os brejos, regiões que permanecem alagadas por mais tempo. É sinal de que a situação piorou.

"farinha pouca, meu pirão primeiro" - A farinha de mandioca era um dos alimentos que os bandeirantes costumavam levar durante suas viagens pelo interior do Brasil. Quando o estoque de comida estava acabando, o prato principal era peixe com pirão. Nesse momento, o chefe da expedição usava a força do cargo.

"sem eira nem beira" - As casas portuguesas de classe média tinham uma pequena marquise para proteção contra a chuva (eira). As mais ricas, além de eira, tinham beira (desenhos arquitetônicos sobre as eiras). Não ter nenhuma das duas era sinal de pobreza. Em Minas há estasc casas.

"hora de a onça beber água" - o animal costuma fazer isso ao anoitecer, e, segundo a tradição indígena, esse é o melhor momento para abatê-lo.

fonte: http://www.santacruzdegoias.net/home/index.php/patrimonio-imaterial/parlenda.html